sábado, 19 de julho de 2008



Traçar o papel das ilusões na génese das opiniões e das crenças seria refazer a história da humanidade.
Da infância à morte, a ilusão envolve-nos. Só vivemos por ela e só ela desejamos.
Ilusões do amor, do ódio, da ambição, da glória, todas essas várias formas de uma felicidade incessantemente esperada, mantêm a nossa actividade. Elas iludem-nos sobre os nossos sentimentos e sobre os sentimentos alheios, velando-nos a dureza do destino.
As ilusões intelectuais são relativamente raras; as ilusões afectivas são quotidianas.
Crescem sempre porque persistimos em querer interpretar racionalmente sentimentos muitas vezes ainda envoltos nas trevas do inconsciente. A ilusão afectiva persuade, por vezes, que entes e coisas nos aprazem, quando, na realidade, nos são indiferentes. Faz também acreditar na perpetuidade de sentimentos que a evolução da nossa personalidade condena a desaparecer com a maior brevidade.

A vida é repleta de ilusões necessárias.


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